Pacotão de segurança: internet sem fio e cartão de memória do celular

Internet via rádio é apenas uma rede Wi-Fi com antenas externas.

Voltamos com o pacotão de segurança esta semana, como de costume, na quarta-feira. Hoje as questões envolvem o acesso à internet sem fio. Primeiro, como ele funciona e o que é preciso para o compartilhamento. Em seguida, se o provedor de acesso consegue acessar as informações que trafegam pela rede. Por fim, a coluna fecha com uma questão sobre vírus de celular e proteção do cartão de memória. Confira.

Se você tem alguma dúvida sobre segurança da informação (antivírus, invasões, cibercrime, roubo de dados, etc), vá até o fim da reportagem e utilize a seção de comentários. A coluna responde perguntas deixadas por leitores todas as quartas-feiras.
>>> Montar rede sem fio e “acesso via rádio”
Para montar uma rede wireless (sem fio) são necessário um roteador wireless e um modem ADSL router. A dúvida é: tenho que pagar um provedor de acesso? Uma vez que a internet sem fio é por ondas de rádio.
Luiz Gonzaga
Luiz, sua pergunta está muito confusa. O acesso à internet popularmente chamado no Brasil como “via rádio” não é nada mais do que uma rede wireless (sem fio) comum: Wi-Fi. A diferença é que a rede é viabilizada com o uso de antenas potentes e, em muitos casos, repetidoras, a fim de permitir que o sinal da rede sem fio cubra uma grande região, como um bairro ou uma pequena cidade.
Em alguns casos, existem pontos de acesso Wi-Fi gratuitos. Restaurantes, lanchonetes e até consultórios médicos são locais onde se consegue acessar uma rede Wi-Fi “gratuita” (na verdade, ela não é gratuita, e sim vinculada ao seu consumo no estabelecimento). Mas você dificilmente vai conseguir, legalmente, um acesso gratuito dentro da sua residência para uso permanente da internet. Só para ficar claro, a internet via rádio nada tem a ver com o “rádio” AM e FM. “Via rádio” é só uma abreviação de “via ondas de rádio”, mas ondas “de rádio” também são usadas para televisão, celular, etc.
A criação de uma rede sem fio não serve para você obter acesso à internet. Ela é útil no caso de você possuir mais de um computador e precisar compartilhar a conexão – já existente - entre os vários PCs. Nesse caso, você precisa de um roteador (router) Wi-Fi e, claro, que todos os computadores envolvidos possam ter acesso à rede sem fio e/ou conectados por cabos.
A conexão com a internet em si precisa ser obtida de outro modo. Um modo é por meio do ADSL. Aí, nesse caso, você vai precisar de um modem ADSL. Outra maneira é pelo próprio acesso via Wi-Fi, fornecido por provedores de acesso. Nesse caso, o compartilhamento da internet pode ser feito a partir do próprio roteador Wi-Fi, desde que você tenha um cabo para ligar a antena externa nele ou o cabo da rede sem fio seja do tipo Ethernet.
Em outras palavras, é preciso separar a função do “acesso à internet via rádio”, que é contratar um provedor de internet que fornece acesso por rede Wi-Fi, do compartilhamento da conexão de internet usando uma rede sem fio doméstica.
De uma forma ou de outra, você vai precisar contratar um provedor de acesso. Por outro lado, usando uma rede doméstica – com ou sem fio -, você consegue ter acesso à internet compartilhado em todos os computadores da casa a partir de apenas uma conexão com a internet.

>>> Roubo de dados por provedor
Existe alguma possibilidade da empresa de internet (no caso as via rádio) “roubar” dados ou espionar o que faço na internet através da antena?

Um provedor de acesso tem acesso aos dados que trafegam da mesma forma que a empresa de correios tem acesso às cartas. É claro que tem, mas na maioria dos casos nenhuma informação além do endereço de destino é consultada, porque não é nem viável abrir cada correspondência.
No caso de uma internet via rádio, como foi explicado acima, os dados trafegam por ondas de rádio e, por isso, estão no “ar”. Se a rede do provedor de internet não for segura, não apenas o provedor, como qualquer outra pessoa equipada apenas com um notebook, e até com alguns celulares, poderá visualizar todo o tráfego na rede. Isso inclui os sites que você visita e até senhas.


provedor tem acesso aos dados como o correio tem acesso às cartas. Quanto ao provedor de acesso de modo geral, ele sempre tem acesso a todos os dados que trafegam. Observe que o provedor de acesso, no caso do ADSL, é a operadora de telefonia, independentemente do provedor que realiza a autenticação. Os dados destinados à internet precisam necessariamente passar pelo provedor antes de serem encaminhados ao seu destino correto, porque enviar os dados até a outra ponta é justamente a função do provedor.
Na maioria dos casos, a quantidade de dados que passa por um provedor é muito grande para viabilizar o armazenamento ou mesmo a filtragem. Equipamentos capazes de filtrar grandes quantidades de tráfego de rede são caros. Alguns provedores têm até dificuldade em cumprir ordens de grampos pela polícia.
Existem protocolos seguros de comunicação que impedem que essa “espionagem” ocorra por parte do provedor – e também por parte dos provedores do provedor, porque uma conexão internacional normalmente passa por dois ou três provedores diferentes até chegar ao destino. Porém, isso não é comum, porque o provedor não pode espionar a conexão dos internautas sem uma ordem judicial. Se isso acontecesse, um provedor poderia ter sérios problemas com a Justiça.

>>> Proteger cartão de memória do celular
Como proteger o cartão de memória de celular de vírus? Existe suporte para o celular em caso de ser infectado e perder informações no software?





Desligar o Bluetooth economiza bateria e protege celular contra o recebimento de arquivos maliciosos. O cartão de memória do celular pode armazenar um vírus comum de computador e, quando o celular for acessado em um PC, esse vírus pode conseguir executar-se automaticamente. Isso porque a memória do celular pode ser lida como um dispositivo de armazenamento como um pen drive, e você já deve ter conhecimento sobre a possibilidade de pen drives armazenarem vírus.
No entanto, esse vírus de computador não compromete o celular em si. Existem vírus de celular que atacam o aparelho, mas aí não há relação com o cartão de memória. A praga, para infectar o celular, normalmente precisa solicitar autorização de instalação como outros aplicativos. Vírus para celulares são muito raros. Não se tem notícia de nenhuma epidemia recente, porque esse tipo de vírus fica restrito geograficamente.
O truque é manter apenas o computador livre de vírus com as várias dicas já publicadas aqui na coluna, como usar antivírus e manter o Windows atualizado. Essa última recomendação já irá desativar o Autorun, que viabilizar vírus de pen drive, no seu computador.
Quanto ao celular, basta não autorizar a instalação de programas. Manter o Bluetooth sempre desligado, exceto quando realmente necessário, também ajuda e, de quebra, economiza bateria. É por meio de Bluetooth que vários vírus de celular tentam se espalhar.
A coluna Segurança para o PC de hoje fica por aqui. Volto na sexta-feira (23) com o resumo de notícias da semana. Até lá!

*Altieres Rohr é especialista em segurança de computadores e, nesta coluna, vai responder dúvidas, explicar conceitos e dar dicas e esclarecimentos sobre antivírus, firewalls, crimes virtuais, proteção de dados e outros. Ele criou e edita o Linha Defensiva, site e fórum de segurança que oferece um serviço gratuito de remoção de pragas digitais, entre outras atividades. Na coluna “Segurança para o PC”, o especialista também vai tirar dúvidas deixadas pelos leitores na seção de comentários.

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